quarta-feira, 31 de julho de 2013

Se você me achar, por favor me devolva.

E eu queria saber onde foi que eu me perdi. De mim mesma, quero dizer. Onde estão meus olhos que antes insistiam em olhar somente para o melhor das pessoas e não hesitavam em fechar quando o mundo lhes oferecia o mal? No lugar deles hoje me restam buracos vazios, cansados, tristes, molhados, olheiras. Onde foi parar minha boca, aqueles lábios rosados, cheios de vida, que se apressavam a distribuir elogios e palavras da mais pura sinceridade. Que estavam sempre aptos á dar bons conselhos e sabiam calar no momento devido. Não é justo que em troca me tenham deixado esses lábios que tem gosto de amargura e cigarro.E lembro dos ouvidos que realmente se importavam com o que os outros tinham a dizer, os que me restam hoje são apenas para escutar música alta e me tirar da coisa escrota que é minha realidade.Meu nariz que sempre me guiava no cheiro das flores e do teu perfume que era meu favorito, hoje só consegue sentir o cheiro do mofo e da solidão do meu quarto.E aquele coração que eu tinha, onde será que deixei? Lembro-me vagamente como era a sensação de realmente sentir algo. Qualquer coisa. Eu entreguei aquele coração á algumas pessoas e não sei com qual delas eu o perdi. Algumas aproveitaram para mancha-lo um pouco pelo caminho, algumas primeiro o beijaram para depois o pisotear sem nenhuma piedade. Ele era tão bonito, devia ser muito legal brincar com ele, todo mundo adorava fazer isso. Agora no lugar dele, está uma daquelas bexigas de ar que tem o formato idêntico, mas é vazio, não entra mais nada e pode estourar a qualquer momento.Se você me achar, por favor me devolva.
Texto De: Yasmin Marinho Dos Santos
http://autorrdesconhecido.tumblr.com/tagged/rabiscos

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Quem sou?

Já não reconheço quem sou.
Fico me encarando no espelho todo dia
Todo dia encontro alguém diferente.

Alguém que não devia ser eu.
Alguém com o coração pesado,
Com riso forçado,
Com uma enorme saudade no olhar.

Saudade de quem um dia eu poderia ter sido.
Ou talvez tenha mesmo sido aquele que eu acho que deveria ter sido.
Que sorria, brincava e amava.
Sem medo, sem restrições.

Quem sou eu afinal?
Eu não sei.
Eu sei que eu não sou quem penso que sou.
E quem penso que sou talvez nunca realmente tenha existido.

Mas quem nunca se sentiu assim?
Perdido. Confuso.
Eu não saberia dizer.
O que eu sei dizer é que vejo tudo cinza, triste.

Será que eu sou o que vejo que sou?
Ou será que sou aquele que penso que sou mas escondido de mim mesmo?
Quem eu me tornei? Ou melhor, no que me tornei?
Em alguém de alma cinza, sempre raivoso e triste? Será este eu?

Se for, eu não quero ser eu.
Quero ser outra pessoa. Mais alegre e sorridente.
Que veja o sol brilhar em tudo. É este que quero ser.
Eu não reconheço quem sou.
Mas sei que
este estranho que sou, não é quem eu quero ser!